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Parque Valongo – Fase 3: Revitalizando a História e Conectando Santos ao Futuro

Por Luiz Eugênio Ciampi – Arquiteto e fundador da Arquitetura Japi

Sou Luiz Eugênio Ciampi, arquiteto e titular da Arquitetura Japi. Nasci e cresci em Santos e apesar de hoje já não morar mais, a minha ligação com a cidade continua sendo muito forte, pois ela é parte da minha história e da minha identidade. Embora tenha vivido sempre próximo à orla, mesmo antes da escolha pela arquitetura já era atraído pelo charme e pela força histórica do Centro e do bairro do Valongo. Ainda na época da faculdade, eu e meus colegas passávamos horas explorando suas ruas, imaginando como aqueles espaços poderiam ganhar nova vida. Ter uma cidade com tanta história ao alcance dos olhos foi, e continua sendo, um privilégio.

Projetos de faculdade para a revitalização dos armazéns do porto do Valongo

Essa relação se aprofundou ao longo dos anos: participei de mostras de decoração de interiores em 2001 e 2002, na Casa da Frontaria Azulejada e no Casarão da Tuiuti; ajudei a fundar junto a comunidade, em 2002, uma ONG dedicada à preservação do Santuário Santo Antônio do Valongo, onde, em 2005, tive a alegria de me casar com minha querida Juliana. Neste ano também, minha trajetória pessoal e profissional me levaram a Jundiaí, cidade que, curiosamente, também carrega um elo histórico com o Porto e a cidade de Santos.

Hoje, passadas duas décadas, retorno ao Valongo com a honra e a responsabilidade de liderar, pelo escritório que dirijo há 9 anos, a Fase 3 do Parque Valongo. Este projeto vai muito além de restaurar armazéns: é sobre revitalizar o coração de Santos, conectar passado e futuro e criar um espaço que celebre sua história enquanto abre caminho para novas possibilidades.

Requalificando história e criando futuro

A requalificação dos armazéns 1, 2 e 3 do Porto de Santos — construídos no final do século XIX — representa um passo crucial na revitalização do Centro. Ao transformá-los em áreas multifuncionais e integrá-los as fases 1 e 2 já entregues do Parque Valongo, potencializamos este ponto de encontro que preserva a memória histórica da região, promove interação social, cultura e dinamismo urbano.

Porto do Valongo em seus tempos áureos

O Parque Valongo se consolida como um espaço vibrante, atraindo moradores e visitantes, fortalecendo o comércio local e impulsionando o desenvolvimento da região central não só turisticamente, mas também como para atrair novamente a ocupação residencial do bairro. Um dos diferenciais mais empolgantes é sua localização estratégica que coloca o parque como elo entre o Centro e o futuro terminal marítimo de passageiros, que será transferido para esta área. Essa conexão colocará o Valongo na rota de milhares de turistas que chegarão por via marítima, criando um fluxo contínuo de movimento, oportunidades e vida dia e noite.

Primeira fase do Parque Valongo (2024).

Tive a oportunidade de vivenciar algo semelhante em um cruzeiro pela Europa, com escalas em Marselha, Gênova, Nápoles e Valeta. Cada cidade com sua identidade única, mas todas compartilhando um mesmo acerto urbanístico: integrar o terminal de passageiros ao centro histórico, permitindo que o visitante desembarque direto na alma da cidade.

Portos de Genova, Nápoles e Malta, exemplo de integração do Porto com o Centro Antigo das Cidade

Um projeto com raízes e parcerias sólidas

O projeto da Fase 3 do Parque Valongo foi contratado pela empresa MARIMEX — fundada em Santos em 1927 e referência nacional em logística integrada — e doado ao município através do pagamento de uma contrapartida. O trabalho, que teve a duração de aproximadamente um ano, foi construído em estreita colaboração com o Prefeitura de Santos (PMS), através de sua Secretaria de Planejamento e Conselho de Defesa do Patrimônio, e a Autoridade Portuária de Santos (APS).

Estado atual da Casa de Pedra e Armazéns 1, 2 e 3 – Fase 3 do Parque Valongo.

Nosso desafio foi conciliar diretrizes legais, expectativas da população, aspectos mercadológicos e a viabilidade econômica. O resultado é um projeto modular e adaptável, pensado para ser implementado em fases e viabilizado por investimentos privados, garantindo que a revitalização aconteça com solidez e continuidade.

Essa nova etapa dá sequência às ações já concluídas nas fases anteriores, como a reforma do Armazém 4 e a urbanização do cais, além do boulevard aéreo que conecta o parque à Rua XV de Novembro. Agora, a proposta é transformar:

  • Espaço comercial e de serviços;
  • Espaço para eventos, feiras, palestras e shows;
  • Espaço complementar do museu ferroviário que já tem a sua primeira fase de implantação em obras junto à estação ferroviária;
  • Casa de Pedra será restaurada mantendo sua originalidade e abrigará um espaço comercial e o receptivo do parque;

Do papel à obra

Para desenvolver um projeto dessa magnitude, reunimos uma equipe multidisciplinar de especialistas em diversas áreas da engenharia. Nosso objetivo foi entregar à PMS e à APS um pacote executivo completo, capaz de permitir a contratação e o início das obras seguindo as melhores práticas.

No início de agosto, foram iniciadas as obras do primeiro trecho da Fase 3 — que incluem a Casa de Pedra e o Armazém 3. O investimento é realizado pela BTP (Brasil Terminais Portuários) e a previsão é que essa etapa esteja concluída até o final do primeiro semestre de 2026.

Mais que uma obra, o Parque Valongo é uma promessa de futuro: um presente para Santos, que reafirma seu compromisso com a preservação da identidade histórica e a construção de um desenvolvimento sustentável e inclusivo.

Orgulho e gratidão

Para a Arquitetura Japi, é uma grande responsabilidade e um privilégio projetar a requalificação de armazéns que, por mais de um século, foram protagonistas na armazenagem e transporte de cargas, ajudando a moldar a história desta região. Para mim, como arquiteto e filho de Santos, participar dessa transformação é motivo de orgulho e emoção.

Meu agradecimento especial à Marimex, aos gestores da PMS e APS, em especial ao prefeito Rogério Santos, ao Secretário Glaucus Farinello e ao Presidente da APS Anderson Pomini, pelo apoio e confiança no desenvolvimento deste projeto.

Equipe Técnica:

  • Arquitetura Japi – Arquitetura: Luiz Eugênio Ciampi, Adriana Lima, João Vencigueri, Beatriz Jenckel, Mylena Amaral e Davydson Azevedo.
  • MMJ Consulting – Gestão de Projetos
  • Vector 3D – Nuvem de Pontos / Levantamento Topográfico
  • Metrics / PSX Perfurações – Sondagem
  • GINFRA – Terraplenagem / Drenagem / Pavimentação / Fundações
  • Projeto Alpha – Estrutura Metálica / Estrutura de Madeira
  • Marca Santana – Instalações Elétricas / Hidráulicas / Combate a Incêndio / HVAC
  • Lumideas – Projeto Luminotécnico
  • Superiore – Esquadrias
  • Takeda Design – Paisagismo